quarta-feira, maio 31, 2006

irmãs

Continuo a ler o livro "O tempo dos espelhos". Leio muito devagar porque as palavras escritas, às vezes, parecem fugir da página; porque a tinta das letras é muito clara; sou uma pessoa muito ocupada e, portanto, só posso ler quando há bastante luminosidade.
Ora estava eu a ler um parágrafo do dito livro que passo a transcrever "vá, dê um beijo ao mano. Não discutam por causa dos brinquedos, partilhem-nos como amiguinhos que são":
Este período fez-me recuar uns bons anos atrás e visionar uma casa com três pequenitas, irmãs, com pouca diferença de idades. Eram amigas mas tão diferentes! Tinham gostos, ideias, sonhos completamente opostos. De vez em quando discutiam guerreavam. E lá vinha a mãe separá-las, apaziguá-las. Umas vezes conseguia outras era didícil acalmá-las. Então aparecia o pai que tentava ajuizar a zanga , ver quem tinha razão e no fim ditava a sentença:

Elas são mais que inimigas. são irmãs!
Bons sonhos!

terça-feira, maio 30, 2006

Os blogs

Sou estagiária nesta arte de "blogar". Mais ainda neste mundo interplanetário computuorizado mas, com mais erro menos erro, mais tentativa menos tentativa, cá vou rumando por esses sites fora.
Foi baseada no grande ideal "tentativa e erro" que iniciei a minha leitura (leia-se cusquice) nos blogs mais próximos do meu restrito mundo.
E qual é esse mundo?
O mundo da minha aldeia habitacional ( a minha aldeia natal é outra). Encontrei coisas muito engraçadas.:
Uns têm temas cuja sequência não percebo (devo ter algumas dificuldades de interpretação.)
Outros são muito agradáveis mas, apenas transcrevem notícias, extractos de textos.
E ainda outros não dão oportunidade de resposta sem primeiro analisarem a mesma.
Isto é deveras interessante e leva-me a pensar que os "blogers"ou querem corrigir, previamente, os erros gramaticais e sintácticos ou, querem censurar as respostas e só deixarem publicar as que estão de acordo com as sua opiniões.
Portanto, sou capaz de me sentir um pouco intimidada a escrever e a transmitir as minhas ideias porque não sou boa escrivã nem tenho desenvoltura intelectual para grandes pensamentos
Será que devo continuar neste mundo de blogs?

sexta-feira, maio 26, 2006

A água

Todos os dias há correio. Nunca aparece uma carta duma amiga que já não vemos há muito tempo - Nunca aparece um bilhete postal com um ramo de flores com muitos brilhantes (lembram-se desses?). Mas aparecem muitas cartas bem timbradas com logotipos elucidativos :
Câmara Municipal
EDP
Telefones
Seguros
Tudo contas para pagar. É só pagar, pagar e o dinheiro, que não é fêmea, a desaparecer. Fazem-se contas de somar, depois de diminuir e o dinheiro continua a desaparecer.
Pois eu recebi uma dessas simpáticas cartas da Câmara Municipal, mais precisamente dos serviços municipalizados- secção de águas.
Tinha a água para pagar. Peguei no recibo, olhei e vi: 29,51 euros. Tanta água? -pensei eu.
Realmente somos muito asseados, tomamos banho todos os dias, somos 3 pessoas, é melhor espaçar os banhos - disse eu para mim.

Tornei a olhar para o recibo . Foi então que decifrei alguma coisa : água propriamente tinha 11,51 euros, os outros 18 euros são os impostos que a Câmara adiciona à referida quantia de água.
Pasmei. Olhei. Era verdade, eu estava a ler bem. Isto, cá para mim, é digno de notícia de jornal.
Nas vossas zonas também é assim?
Bons sonhos!

terça-feira, maio 23, 2006

A minha menina

A minha menina vai amanhã para o hospital. Aquela tíbia teimou em se deslocar novamente. Vai ser operada na quinta-feira.
Ontem foi à consulta de oftalmologia. O olhinho está bom e até parece que tem muita sombra na pálpebra inferior. O organismo já absorveu o sangue pisado quase todo.
Agora precisa de endireitar a perninha. Ela é uma menina muito valente e cheia de garra. Não há hospital que a amedronte. Eu sei que daqui a pouco tudo vai passar e tudo vai ficar bem. Depois quem se vai rir é ela com todos estes meus medos mas, ela é e será sempre a minha menina.
Se houver por aí alguém que acredite em Deus ou noutro Ser Superior peça pela minha menina porque a minha menina é d'ouro.
Bons sonhos!

sexta-feira, maio 19, 2006

Momentos de leitura

Já disse aqui que estou a ler o livro de Júlio Machado Vaz "O tempo dos espelhos".Também disse que me é um pouco difícil seguir a sua linha de pensamento; às vezes acho as suas ideias um pouco confusas e "machuchadas" ( machucha é um termo pescatório que se diz quando as linhas de pesca estão todas embaraçadas).
O que eu quero aqui dizer ( ao Prof. J.M.Vaz, se ele se dignar passar os olhos por aqui) é que admiro o seu bisavô Bernardino Machado. Foi pedagogo, político, idealista, republicano... Mas admiro bastante a sua bisavó Elzira. A pobre senhora teve 17 filhos. Foram 17 partos sem epidural. Foram 17 vezes que a senhora aturou crianças a chorar noites seguidas. Foram 17 vezes que mudou fraldas que não eram descartáveis. Foram 17 vezes que as crianças choravam no quarto do outro lado da casa e sem inter- comunicadores, sem biberãos de plástico, sem gel para os dentinhos etc, etc...
Na realidade foi uma grande senhora, valente, corajosa e decidida.
Os meus parabéns por ter tido essa bisavó.
Bons sonhos!

quarta-feira, maio 17, 2006

A minha menina voltou

Foi ontem à tarde. Saíu do hospital e veio para casa .Veio de ambulância e quando subiram a escada vinha sentada numa cadeira com rodas( tipo de computador). O sr. bombeiro que vinha a segurar-lhe a perna quando chegou junto da cama ajoelhou-se.
Pensei logo que a ia pedir em casamento; estava apenas cansado. Nem eu autorizava que a minha menina casasse assim de perna e braço e nariz partidos. Não. A minha menina quando casar há-de ir linda de estarrecer. Há-de ser a "mailinda" da aldeia e arredores.
Agora já está melhor. Já consome computador / televisão e amigas. Sobretudo amigas. É o centro de todas as atenções: da família, dos vizinhos, das amigas, dos colegas e do mundo.
Pois é, sou uma avó preocupada / adoradora/ babada. Sou isso tudo e muito mais, porque os meus netos são lindos, uma coisa nunca vista.
Bons sonhos!

segunda-feira, maio 15, 2006

a minha menina

Para mim e para a família é linda. Na noite de sexta para sábado ficou comigo. Sábado de manhã levantou-se feliz e alegre pronta para ir à festa da sua amiga Marta morena - a Marta loura vive noutra aldeia - . E lá foi ela no alto dos seus onze anos pronta e equipada para um dia de farra - A festa durava das dez às vinte e duas horas.(corajosa mãe da Marta).
Brincaram, pularam e saltaram, Por volta das 16h resolveram enfrentar o mundo e começar umas corridas de bicicleta.
Quais pombas alegres chilreando estrada fora nos meandros de uma nova urbanização. A surpresa esperava a minha F.. Aí vinha ela montada no seu cavalo branco /bicicleta), cabelos ao vento, sorriso aberto, gargalhada solta e.....uma camioneta, monstro disforme apareceu de repente e a minha menina caíu no chão depois de chocar de frente com esse monstro A minha menina partiu quase tudo: uma perna, um braço, a cana do nariz, o temporal sobre o olho e diversos hematomas. A minha menina está doente, muito doente. Na cama do hospital ela sorri - quando as dores abrandam - ela fala e até diz graças. A minha menina é corajosa e valente. A minha menina vai superar tudo e vai sair dali ainda mais bonita do que é.
A minha menina é d'ouro / é d'ouro fino / não façam mal à minha menina.
E aqui estou eu a "trocer" pela minha menina.
Bons sonhos

sábado, maio 13, 2006

Sábado à tarde

Estou aler o livro de J. Machado Vaz "O tempo dos espelhos".
Comprei-o porque ouvi uma entrevista (?) na Antena1. Lá se dizia que o autor era bisneto de Bernardino Machado. Fui à NET e não havia sinais de netos nem tão pouco de bisnetos do referido Presidente da República. Comprei o livro . E, às tantas, percebi que o médico J. Machado Vaz era neto da filha mais velha do Presidente.
Estava eu a ler o livro (com atenção porque acho a sua escrita um pouco difícil) quando me apercebi que o que ele contava eu já tinha ouvido falar. Diz o autor que um dia se meteu no carro com o seu filho e vieram, sem parar, da Provença à Invicta ( de que eu gosto muito, embora seja alfacinha).
A minha história tem algo de semelhante:
Havia um rapaz dos seus 19 anos que vivia numa vila à beira mar. Tinha feito o 5º ano (actual 9º ano) e precisava de alargar horizontes. Pegou numa mochila e aí vai ele Europa fora (isto é verdade e passou-se nos anos 60). Foi até à Suécia. Aquilo é que era um país. Tudo muito organizado, casas confortáveis, trabalho para todos e meninas livres sem preconceitos e mãezinhas ao lado.
E por lá viveu oito anos, oito vezes interrompidos. Quando chegava o Verão em Portugal, o cheiro do mar chamava-o e aí vinha ele, mochila às costas, para a sua vila tão amada.
Uma dessas vindas tornou-se penosa porque, se de um lado o mar o chamava, por outro lado o bolso não tinha dinheiro para a viagem. Habituado como estava a viajar à boleia, depressa se meteu à estrada pedindo a dita. Já desesperava; o frio e a fome começavam a aparecer. Passou um carro. Não parou. Fez marcha atrás. Abriu o vidro e perguntou em sueco :
-Quer boleia ? Para onde?
- Até onde o sr. me puder levar.
-Ó homem eu vou para o sul.
Óptimo eu vou para Portugal.
Já em português o dono do carro disse-lhe:
-Eu também sou português. Sou de Setúbal e vou para lá.
A vila do rapaz fica a 30 Km de Setúbal.
Bons sonhos!

quinta-feira, maio 11, 2006

Há dias estava eu numa sala de espera duma instituição hospitalar, instalada numa "confortável" cadeira de plástico, quando me lembrei de uma conversa de ocasião passada nesse mesmo sítio.
Chegou uma senhora com um ar apressado, saia e blusa que pareciam não pertencer àquele corpo, sempre arranjado, um cabelo que não tinha arranjo, e olhando para mim disse:
- Também vem cá?
Acenei afirmativamente com a cabeça.
- Pois eu conheço isto com a palma da minha mão.
E mostrou-me a mão. E eu acenando com a cabeça.
- Quando acabaram de construir isto eu vim fazer as limpezas todas. Conheço todos os corredores de olhos fechados.
Inclinou-se para mim para se certificar que eu ouvia.
- Fui-me inscrever para ficar cá a trabalhar. Eles gostavam muito de mim. Tinha depois que trazer os papéis.
E eu ouvindo e acenando com a cabeça.
-Quando cheguei a casa o meu vizinho que vinha podre de bêbado empurrou a minha porta e deu-me uma carga de pancada que eu fui parar ao hospital. Não vim entregar os papéis e não entrei para cá.
Abri os olhos de espanto e ia dizer qualquer coisa quando ela olhando-me nos olhos respondeu :
_ Ele enganou-se na porta e não viu que eu não era a mulher dele.
Fui chamada para a consulta.
Bons sonhos!

sexta-feira, maio 05, 2006

Avó Júlia

Tinha 82 anos quando partiu. Conhecia-a há 16 anos. Chamavam-lhe tia Júlia mas, eu sempre achei que ela só era tia dos sobrinhos. Também não me dava jeito chamá-la D. Júlia; por isso chamava-lhe avó Júlia.
Tinha um problema de arteroesclerose muito avançado. Sempre fez a lida da casa até à véspera de falecer. E na sua casa vivia ela, o marido, o irmão e as netas que por lá apareciam diáriamente.
Quando a refeição levava arroz ela sentava-se antecipadamente na mesa a escolher o dito.
_-O arroz tem pedras e pode partir um dente.
Isto era dito sempre que o ritual da escolha do arroz se fazia. Também me lembro das suas sopas que levavam, além de outras coisas boas, um grande chouriço que lhe davam um sabor óptimo. Contudo, quando fazia cozido à portuguesa, colocava na panela um quarto de chouriço.
Era esposa de um pescador, filha de um vendedor de peixe e todos os seus ancestrais eram pescadores. Corria dentro de si o saber e sabor do peixe.
Quando o marido trazia o peixe para casa perguntava:
- O peixe matou de noite ou de manhã?
Se tivesse sido de noite já não era fresco e recusava-se a cozinhá-lo. A sua sopa de peixe era divinal. Aí vai a receita:
Numa panela põe-se ao lume 4 batatas, 2 cebolas, 2 tomates,, 1 colher de sopa de azeite e peixe de preferência variado, 1 raminho de cheiros. Quando o peixe estiver cozido retira-se o peixe da panela e passa-se tudo com a varinha mágica. Depois deita-se massinha e deixa-se cozer mais um pouco.-Não estão já a sentir o cheirinho?
Obrigada avó Júlia por tudo o que deu a todos. Desculpe não nos termos apercebido de quanto foi importante na nossa vida.
Bons sonhos!

quinta-feira, maio 04, 2006

O alcaide

Na aldeia onde moro há um castelo. Como todos os castelos está no alto dum monte. Em frente fica outro monte chamado "o monte de forca" exactamente porque era ali que os maus eram enforcados. Nesse castelo, numa pequena casa vivia Rafael Monteiro. E quem era? Um homem autodidacta que sabia MUITO de história deste concelho. Lembro-me de o ver passar na rua: cabeleira farta e grisalha, óculos de lentes grossas e uma grande capa alentejana. Sempre com papéis na mão. E escreveu muita coisa. Hoje reli um capítulo do livro "A festa das Chagas". Ali ele fala do culto do Senhor dos Navegantes. Este Senhor era venerado pelos homens do mar e estava numa capela na localidade da Azóia. Essa capela foi mandada construir pelas gentes de Almada e todos vinham pedir / agradecer ao Senhor dos navegantes; todos os anos se faziam uma procissão em sua honra. As coisas que aprendemos ao longo da vida.

Bons sonhos!

terça-feira, maio 02, 2006

MAIO

Gosto deste mês. Os dias são claros; há calor mas não sufoca; há sempre uma brisa que sopra como para refrescar o ar que aquece; os campos estão cheios de flores : malmequeres, flores roxas, as amarelinhas rasteiras, os cardos com as suas flores lilases; como as crianças gostam de fazer ramos de flores para oferecer à mãe! É sempre à mãe. A flor está sempre associada à mulher. Ambas são sensíveis, ambas têm um bom cheiro, ambas são suaves ( às vezes também picam), Ambas dão alegria e elegância a um espaço - no caso das flores aos campos.
Precisamos de ensinar os nossos olhos a ver. Aproveitá-los para apreciar o que está à nossa volta. Eu sei que é difícil, não há tempo, a preguiça mora aqui mas o tempo passa. Olhamos para trás e o que perdemos ? Um ror de coisas boas; às vezes nem falámos com as pessoas que queríamos e agora já passou; não vimos aquele momento único que não mais voltarão. Aproveitemos todos os momentos como se fossem os últimos.
A vida deve ser vivida em pleno, nem que essa plenitude seja olhar para o mar e respirar fundo.
Bons sonhos!