domingo, março 11, 2012

Mudar de vida

Olho este monitor todo branco, sem um risco, sem uma palavra, sem vida.
O meu coração, ou a minha alma, também está em branco, sem vida. Dias amorfos sucedem-se numa sequência aleatória e não me atingem. O peso da inutilidade vai carregando nas minhas costas dando origem às dores, às picadas, às palpitações do coração, à tensão arterial elevada, à glicémia descontrolada,à visão turva, ao quase desmaio.
No meu quarto o espelho pisca-me o olho e repreende-me:
- Onde está a mulher forte e corajosa de sempre?
- Onde está a mãe-loba que aninhava as sua meninas com um abraço?
- Onde está a profissional que olhava os alunos e lhes chamava os seus meninos?
- Acorda Menina. Respira fundo. Olha o céu azul (sem sinal de chuva). caminha e vai tomar banho!
Sempre obedeci a uma voz forte e autoritária(descupa, Pai, mas é verdade).Sai do quarto furiosa por ter sido apnhada e desmascarada.
Na casa de banho abri a torneira saltei para debaixo do chuveiro( primeiro despi-me).A água correu sobre mim e por mim. As gotas misturaram-se com as lágrimas de raiva, de saudades, de solidão , de tristeza e, fiz um juramneto:
A partir de sábado (dia 10/03) eu iria sorrir, esquecer as dores, esquecer a idade(porque já sou idosa), sair de casa, passear na praia, fazer castelos de areia, ver a primavera que desponta (antes de tempo), olhar o amar e amar o futuro.
A toalha aconchegou-me, vesti roupa de verão e fui ao café beber o meu café.
Nota final: a canalização da banheira desfez todo o meu negativismo e entupiu um pouco.
Bons sonhos!