quinta-feira, junho 29, 2006

O bacalhau - animal de estimação

Lisboa. Alcântara com a sua ribeira no lugar da actual rotunda e da Av. de Ceuta. Anos de 1917 / 1918. Uma família lisboeta. Um pai, uma mãe e um filho de 4 / 5 anos. Aquele menino foi o ùnico filho vivo depois de várias gravideses mal sucedidas-
Era o ai-Jesus daqueles pais já entrados na idade. Todas as vontades lhe eram feitas; as roupinhas eram talhadas pela costureira mais habilidosa do bairro; os brinquedos eram feitos pelas mãos habilidosas do tio João; enfim, tinha tudo o que um menino daquela época poderia ter.
Chegou o Natal. A família foi às compras a Alcântara ( na sua rua a mercearia não tinha produtos tão bons). Compraram muita coisa não esquecendo o tradicional bacalhau; tudo o resto era feito em casa: as filhós, os coscurões batidos em alguidar de bairro, o arroz-doce, o bolo de Natal, as rabanadas.
Pois nesse dia das compras o menino fez uma valente birra. Queria trazer o bacalhau agarrado à sua mão como se fosse um cãozinho. A mãe disse logo que não mas, o pai, coitadinho do menino, deixa lá... e, amarraram o bacalhau inteiro ( a loja não o partia ) à mão do nenino-
Seguiu contente Largo de Alcântara, Rua da Costa, Rua Afonso Pala, Rua Possidónio da Silva e... quando chegaram a casa o menino só levava ma sua mão o cordel
Pai, faz hoje 15 anos que nos deixaste. lembrei-me de contar esta história - que me repetiste tanta vez - aos teus bisnetos Um beijo para ti,Pai!
Bons sonhos!

terça-feira, junho 27, 2006

Fotografar

Gosto imenso de fotografar. Quando vou passear a máquina fotográfica acompanha-ne sempre. Gosto de fptografar o que me impressiona (como toda a gente).
Depois lá trago imensas fotografias (o pior é mandá-las revelar). E gosto de mostrá-las à família e comentar aquele momento e a razão porque o fotografei.
Neste mês e meio passado ao lado da minha neta F. tenho querido pegar na mjnha máquina e tirar umas fotografias. Já o fizeram as tias. Mas as minhas seriam diferentes, Eu queria fotografar aquela imensa capacidade de aceitação - estar todo este tempo deitada na cama. É certo que no SPA que fizemos - no meio da sala - ela vê televisão, joga computador, telefona, joga com as amigas, recebe as visitas mas... uma criança de 11 anos está há mais de um mês sem sair de casa, excepto para ir às consultas e de ambulância! Que grande força interior tem esta menina.
Para todas as pessoas que a visitam tem sempre um sorriso. Se se brinca com ela, também brinca. Nunca se queixa. É preciso ter muitas dores para soltar um ai ou um lamento. Grane menina!
Penso que consegui aprender alguma coisa com este lindo ser humano. Fotografei no meu coração estes difíceis momentos da sua vida.
Palavras para quê? É minha neta!!
Bons sonhos

sexta-feira, junho 23, 2006

Gosto de trabalhar, sim senhor!
Gosto de fazer coisas variadas: ler, ouvir música, ver espectáculos, ver televisão, PASSEAR, contar histórias, ir ao café fofocar, jogar computador, blogar mas... não gosto de fazer o trabalho doméstico!

O ter que limpar a casa, arrumar a cozinha,lavar as casas de banho. aspirar, encerar, NÃO. E cozinhar? NEN PENSAR!!
Por isso dou valor às pessoas cuja profissão é limpar as casas dos outros. Pela parte que me toca tento demonstrar o máximo respeito por elas. E o que faço é não exigir aquilo qe eu, à partida, sei que não consigo fazer. Se eu não consigo em esforço e tempo também os outros não podem fazer, a não ser que me demonstrei o contrário.
Eu chamo a isto respeito.
Assim sendo as amigas e família não contem comigo para ir trabalhar para as suas casas porque eu não quero nem gosto.
Aqui fica dado o recado para alguém que ouse ter essa louca e infeliz.
Bons sonhos!

segunda-feira, junho 19, 2006

A minha menina III

Pois é. À primeira vista parece um episódio de novela. Também pode parecer um capítulo de um romance de cordel ( entenda.se por romance de cordel aquele que era vendido com as folhas atadas por um cordel). Mas não é. É tão simplesmente a saga da minha adorada neta F. que , há semanas atrás, teve um acidente quando andava de bicicleta.
Hoje voltou ao hospital para fazer uns RX e tirar (pensava eu) o gesso do braço.
Está a ser seguida por uma médica ortopedista (parece a Ministra da Educação no aspecto físico e na atitude) que também a operou. Parece que a senhora é boa no desempenho da sua profissão - o que, quanto a mim, não sucede com a sósia - e a menina caíu em boas mãos.
Estávamos nós na sala de espera há já 2h, quando a drª passou e , olhando paea a F, disse:
- Vai para aquele gabinete e diz à enfermeira para te tirar o gesso.
Isto foi dito em tom seco e distante sem um sorriso e nem sequer um bom-dia.
Entrámos na gabinete com a F. deitada numa maca e, reparámos num "matulão" a ser tratado pela enfermeira. Era o Paulo: deve ter poucos dias de idade e chorava a bom chorar.
Quando o bebé saíu a F: entrou , tiraram o gesso do braço e da perna. A médica garantiu que estava tudo bem. A mãe da F. perguntou 1000 vezes se a F. não iria ter problemas ao que a médica respondia com um abanar de cabeça. À milésima e uma vez a dita deitou uns olhos à mãe que a obrigou a dizer:
- Drª é a minha filha e o susto foi muito grande, precisa de compreender!!
Voltámos para casa mais leves e mais felizes.
Bons sonhos!

sábado, junho 17, 2006

Ser árbitro

Hoje ouvi, penso que pela 1ª vez, um desafio inteiro de futebol. Foi muito agradável chegar ao fim e ver que Portugal ganhou. Aqueles 11 jogadores conseguiram chegar à meta com êxito. Mas será que os outros 11 não se esforçaram também? Não tiveram sorte.
E agora já pensaram no difícil papel do árbitro? O ver a jogada, racicionar e julgar na hora, deve ser difícil. Será que ele não ficará com dúvidas? Será que ele não pensará se beneficiou alguma das equipas? Ou que prejudicou?
Pois eu também me considero, muitas vezes, um árbitro. Com a diferença que as equipas são minhas, pertencem-me por direito próprio. Não consigo separar a afectividade da crueza da realidade.
Queria, ainda, poder dizer às minhas meninas que os brinquedos são para todas e devem utilizá-los com igualdade.
Mas elas cresceram. São adultas e pensam por si próprias. Já não querem partilhar os brinquedos. Cada uma tem os seus que são seus por razão.
E o que faz uma mãe? Ouve, medita. dá razão às equipas e sofre no canto da vida. Procura no seu íntimo as palavras certas para dizer mas, não as encontra.. Procura no canto do seu coração as suas neninas pequeninas mas, já vê as uas meninas adultas.
Ser mãe é uma arte. E que difícil que é.
Uma vida inteira a aprender essa arte e, quando é preciso mostrar trabalho , ficamos perdidas na incerteza e na angústia.
E por quanto tempo?
Bons sonhos!

sexta-feira, junho 16, 2006

Fui passear

Saí da aldeia e fui Portugal fora. Gosto muito de passear com bom tempo ma, sem calor. ´Vai daí falei com o S. Pedro, expliquei-lhe a estratégia e pedi-lhe compreensão própria do chefe dos santos.
Fui até ao planalto mirandês. Fiquei agradávelmente surpreendida com o que pude observar. Por onde passei os campos estavam bem aproveitados: muitos olivais - com oliveiras pequenas -,, muitos castanheiros - nesta época estão em flor - bastantes cerejeiras e amendoeiras. E eram campos difíceis de serem trabalhados: tinham muita rocha, tinham muita inclinação mas, estavam tratados.
Por duas noites pernoitámos na estalagem Senhora das Neves, em Alfândega da´Fé na serra de Bornes.
Na última noite até tivemos direito a fogo de artíficio; a trovoada era tanta que os relâmpagos iluminavam todo o céu e toda a serra.
A última visita foi a Viseu. Então, deixei lá a minha marca pessoal e intransmisivel: caí no meio da rua e aleijei-me um pouco
Regressei à minha aldeia mais rica em sabedoria. As minhas companheiras de viagem - todas colegas e um pouco mais velhas- deram.me lições de vida.
Obrigada colega Virgentina; os seus 82 anos são uma benção para eu encarar o dia
-a-dia com mais optimismo . Obrigada a todas pelo que me ensinaram.
Nestes passeios aprende-se a olhar e a ver, a ouvir e a compreender o próximo.
Gostei e digo-vos um segredo: enquanto puder, não perderei um passeio.

Bons sonhos!

PS: O S. Pedro cumpriu : não mandou mau tempo: apenas uns chuviscos para refrescar.

sábado, junho 10, 2006

Fim de semana

Também já gostei do fim de semana. Quando acabava o trabalho à sexta-feira sentia já uma sensação de descanso; depois não se descansava nada porque havia toda uma casa para limpar e organizar mas, não havia horários rígidos a cumprir
Hoje, que já não trabalho fora de casa, não gosto do fim de semana. E porquê?
Porque durante a semana tenho, já, tampo para limpar e organizar a casa, Tenho tempo de ler, blogar, fazer jogos no computador, beber café quando me apetece...
Também preciso de ir levar e buscar o M. à escola, ir às compras - as de 1ª necessidade -e ir à escola fazer a hora do conto.
Ao fim de semana não tenho nenhuma destas obrigações. O dia é livre A família aproveita o fim de semana para dormir e preguiçar. E eu que já não gosto de dormir nem de preguiçar, aborreço-me.
Alguém tem sugestóes para um fim de semana solitário?
Bons sonhos!

terça-feira, junho 06, 2006

Dá cá mais cinco!

Sempre foi uma pessoa alegre. Cantava bem. Tinha jeito para fazer versos; não quer dizer que fosse poeta ou poeta popular; não; gostava de escrever frases que rimavam-
Viveu quase 50 anos com a pessoa que amava mas, o que é bom não dura sempre e, numa véspera de S. Pe, o seu querido Mário partiu ao fim de, apenas, 25 dias de sofrimento. Foi um choque terrível. Entrou em profunda depressão. Com a ajuda da família e com a sua fprça de vontade conseguiu sair dessa fase de grande dor e saudade.
Hoje tem 92 anos. Está alegre mas já não faz rimas. Não sabe que idade tem., sabe que nasceu em 1914 e já é bastante. Num minuto pergunta 10 vezes a mesma coisa.
Quando lhe fazemos alguma pergunta responde a cantar:
-Ai cachopa se queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita.
Quando lhe contamos alguma coisa responde:
-Dá cá mais cinco - e estende a sua mão.
Está feliz; não sei onde páram as suas faculdades mentais, sei que fisicamente está ali, sem doenças e sem dores.
Mãe, dá cá mais cinco!
Bons sonhos!


sexta-feira, junho 02, 2006

A Oportunidade

O meu M. tem oito anos. Não tem olhos de mel - como cantava Ana Faria- mas tem olhos de azeitoninhas pretas. Todos os dias luta valentenete com possíveis ladrões; outros dias é o super-homem que salva qualquer um que se encontre em apertos; às vezes vai até África lutar com um qualquer leão que passe na sua frente...
Com toda esta energia é bastante difícil manter o M. enfiado num apartamento.
Por detrás da nossa casa existe um espaço grande, calcetado e com árvores. À tarde, depois da escola, ali se juntam várias crianças para andarem de bicicleta, jogarem à bola, correrem... E o M. também vai para lá.
Há dias estava eu de vigia à brincadeira qundo vi o G. a atirar pedras. Alguém o chamou à atenção e ele respondeu:
-Eles estão a gozar com nós e eu atiro pedras...
A senhora continuou a dizer que não fizesse isso quando o G. terminou a conversa com:
- Cala-te sua p.
Fiquei chocada com o palavreado e disse-lhe:
- Olha G., foste muito mal educado para com a senhora. Por isso o M. vem para casa porque eu não o quero a brincar com meninos mal educados.
Quando o meu M. entrou disse-me:
- Eu devia ficar lá. Assim eu dava-lhe a oportunidade de não dizer asneiras e ser mais bem educado.