O bacalhau - animal de estimação
Lisboa. Alcântara com a sua ribeira no lugar da actual rotunda e da Av. de Ceuta. Anos de 1917 / 1918. Uma família lisboeta. Um pai, uma mãe e um filho de 4 / 5 anos. Aquele menino foi o ùnico filho vivo depois de várias gravideses mal sucedidas- Era o ai-Jesus daqueles pais já entrados na idade. Todas as vontades lhe eram feitas; as roupinhas eram talhadas pela costureira mais habilidosa do bairro; os brinquedos eram feitos pelas mãos habilidosas do tio João; enfim, tinha tudo o que um menino daquela época poderia ter. Chegou o Natal. A família foi às compras a Alcântara ( na sua rua a mercearia não tinha produtos tão bons). Compraram muita coisa não esquecendo o tradicional bacalhau; tudo o resto era feito em casa: as filhós, os coscurões batidos em alguidar de bairro, o arroz-doce, o bolo de Natal, as rabanadas. Pois nesse dia das compras o menino fez uma valente birra. Queria trazer o bacalhau agarrado à sua mão como se fosse um cãozinho. A mãe disse logo que não mas, o pai, coitadinho do menino, deixa lá... e, amarraram o bacalhau inteiro ( a loja não o partia ) à mão do nenino- Seguiu contente Largo de Alcântara, Rua da Costa, Rua Afonso Pala, Rua Possidónio da Silva e... quando chegaram a casa o menino só levava ma sua mão o cordel Pai, faz hoje 15 anos que nos deixaste. lembrei-me de contar esta história - que me repetiste tanta vez - aos teus bisnetos Um beijo para ti,Pai! Bons sonhos! |