sexta-feira, outubro 08, 2010

D. Irene

Pequena, não mais de 1,50m. Quando sai à rua vai sempre impecávelmente vestida. Calças brancas, casaco vermelho e boina ( varia de cor). É traída pelas pernas. Passos pequeninos a arrastarem-se pelo passeio. Quando desce dele para a rua olha atentamente para a altura do lancil e, a custo, desce.
A D. Irene tem uma cadelinha que passeia a dona de vez em quando (sempre q tem a sorte de vir à rua). Há 3 anos que é minha vizinha. Impressionou-me o facto de a ver sempre sozinha. E meti conversa com ela, no café, quando vinha comprar pão.
E apercebi-me da tragédia - sim, tragédia - de viver só. É viúva, sem filhos. Acreditei. Também me disse que o irmão Zé vivia na vivenda do outro lado da rua em "mancebia com aquela que morava nessa casa"(sic). Aí eu percebi que algo estava eerado com a D. Irene. Eu conheço a dita vizinha. Também me falou dos fantasmas que vêm directamente do cemitério e instalam-se na sua casa. Já chamou o sr. comandante da GNR (sic) para prender o homem que vai lá para casa. E isto foi verdade. O homem era o jornalista da televisão do canal que ela estava a ver.
E eu medito: que tristeza! Como é possível viver-se assim!
Eu não quero tal sorte para mim!
Hoje fui comprar pão. está muito vento. Lá estava a D. Irene, à varanda, gritando para a vizinha da frente ( a tal da vivenda):
- Sua malvada, roubaste-me os lençois!!. Dá-me o cobertor. Vou chamar a guarda.
Que os deuses nos guardem de tal sorte!!

Bons sonhos!















1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

É um pavor pensar nas Donas Irenes deste mundo e saber que nada sabemos do que nos pode vir a acontecer. Viver é uma permanente incógnita. Gostei deste seu rabisco. Beijo e bons sonhos Júlia Pacheco

17:53  

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